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23 de dezembro de 2018 · Leitura de 6 min · Escrito por Carla Vieira

Retrospectiva 2018 — Ansiedade, cansaço e autoconhecimento

Quando chega essa época de fim de ano, natal, ano novo, é natural fazermos aquela retrospectiva na nossa mente...

Quando chega essa época de fim de ano, natal, ano novo, é natural fazermos aquela retrospectiva na nossa mente, refletimos sobre o que conquistamos, perdemos e desistimos e, claro, começamos a planejar o ano seguinte. Foi no dia da festa de confraternização da empresa que percebi que o ano já passou, aliás, passou muito rápido.

Quando notei que já estamos no fim de dezembro eu quase entrei em desespero, mas ao mesmo tempo fiquei feliz. Aconteceu tanta coisa esse ano que eu nem sabia como começar esse texto. Na verdade, eu nunca pensei que faria um texto de retrospectiva/agradecimento pelo ano que termina, já que sempre achei algo muito pessoal, mas depois de 2018, eu entendi que vai muito além disso.

Eu gosto muito desse finalzinho de ano porque é quando tenho tempo organizar minha vida espiritualmente. Por conta disso, decidi escrever sobre meus aprendizados e 5 pratos para quebrar em 2019, ou seja, sentimentos que quero deixar para trás para ter um ano melhor.

Essa ilustração representa muito bem o momento em que escrevia esse post…Essa ilustração representa muito bem o momento em que escrevia esse post…

Escrever esse post me rendeu uma reflexão muito interessante porque ao determinar os pratos que quero e vou quebrar, percebi o quão importante é usar essa época para fazer balanços, avaliar nossas escolhas, pesar nossas experiências. Perceber como o ano nos tratou, como nós respondemos a isso; e de projetar o que queremos construir a partir disso, o que fica, o que sai, que mudanças precisamos fazer, que decisões tomar.

Sororidade, comunidade e colaboração

Antes de falar dos pratos que tenho a quebrar, preciso falar da comunidade e dos meus aprendizados. Durante 2018, eu aprendi o significado de colaboração, sororidade, de satisfação pessoal, desenvolvimento e reconhecimento. Foram tantas conquistas significativas que me fizeram crescer intelectualmente e como pessoa, que eu não conseguiria listar todas.

Consegui meu primeiro estágio, viajei bastante com meu namorado, quebrei o medo de palestrar*, *facilitei meu primeiro workshop de Machine Learning, me tornei Tech Evangelist da Womakerscode, participei em diversos eventos, reecontrei amigos e consegui ajudar mais a comunidade (Womakerscode, Codamos e Devs JavaGirl).

O jeito que cada um desses acontecimentos me impactou é indescritível, mas o que eu posso afirmar é: não chegaria a lugar algum sem o auxílio de todos que passaram por esse meu processo de aprendizagem contínua. Cada um foi fundamental nessa minha trajetória durante 2018 e fizeram desse um ano muito especial na minha vida.

Prato 1: Saúde

Eu preciso cuidar melhor da minha saúde que não está nada boa. Esse ano me dediquei mais aos outros do que a mim mesma. A gente trabalha sem parar, não dorme, se alimenta mal e isso gera um curto-circuito no nosso corpo, causando crises de ansiedade, pânico, dor nas costas, cansaço, enxaquecas e acabamos surtando. A gente maltrata muito o próprio corpo e ele responde a isso de volta.

Percebi que não vale a pena, deixar de lado o que te completa, sustenta e fortalece. Então, desde já, estou tentando me reconectar comigo mesma, relaxar, dar uma pausa em tudo e, na medida do possível, não fazer nada.

Prato 2: Insegurança

Eu não me considero uma pessoa corajosa. Pondero mil e uma coisas antes de tomar uma atitude ou dizer algo. Poderia dizer que esse é um dos motivos pelo qual quase não tomo bebidas alcoólicas, já que eu sou aquelas bêbadas que falam de mais, mas na real eu quase não bebo por outros motivos.

A insegurança me rodeia por todo canto, já me senti incapaz de muita coisa, me menosprezei e tenho o dom de me colocar para baixo em um passe de mágica. Durante uma conversa com um amigo, precisei contar resumidamente minha vida, falei bastante como sempre e várias lembranças vieram acompanhadas de nó na garganta enquanto eu contava.

Depois que falei, falei, falei sem parar, ele me fez a seguinte pergunta: “Se você ouvisse tudo isso que acabou de me contar de alguém que não conhece e essa fosse a história de vida dela, você ia achar fácil ou difícil?” — Pensei um pouco e já ia disparar um não, mas aí vieram outras lembranças na minha mente, além daquelas que eu tinha falado. Um filme da minha vida inteira se passou na minha mente e respondi: “Difícil para caramba!”.

Posso ficar falando disso aqui por vidas, falar sobre como o machismo nos torna ainda mais inseguras, mas não é a ideia. Eu só quero dizer que a gente é capaz de tudo que se propõe, mas temos mania de nos colocar para baixo. Minha mãe é a mulher mais foda dessa face da terra e ela nem percebe isso, por exemplo. Então, por favor, insegurança, fique em 2018, deixa a autoconfiança assumir daqui para frente e seguiremos na luta exaustiva contra o patriarcado.

Prato 3: Ansiedade é nossa nova religião

2018 fez essa frase fazer totalmente sentido, nunca estive tão ansiosa e estressada como durante esse ano. Crises foram comuns e meu corpo implorou para que eu parasse com a minha rotina e tive que me ausentar no trabalho, faculdade e descansar.

Tem uma carta incrível de Freud para a princesa Marie Bonaparte, em que ele fala sobre a depressão dela e diz:

“Acho que o problema com os deprimidos é que eles simplesmente têm expectativas muito altas para a vida. Eles acham que a vida deveria ter mais significado do que tem”.

Nos momentos mais difíceis das minhas crises, eu percebi essa necessidade de encontrar significado dentre todas as coisas ruins que estavam acontecendo, e muito do que um psicólogo pode fazer é trabalhar para parar essa máquina que está constantemente processando informação e pensando que tem alguma coisa que você precisa entender, resolver, para fazer sentido e poder se sentir melhor.

Para o próximo ano, vou voltar com a terapia e focar na minha saúde (corpo e mente, que na verdade, não são coisas separadas como a gente imagina). Para que precisa cuidar melhor da sua saúde, indico o Mamilos Podcast e o episódio “Inteligência Emocional”. Mamilos 169 — Inteligência Emocional “Penso, sinto, logo existo”, a atualização da frase de Descartes é uma afirmação categórica de que a emoção e a razão…www.b9.com.br

Prato 4: Aprender a dizer não

Pode parecer estranho esse título, mas para mim é difícil falar não. Sou o tipo de pessoa que não mede esforços para ajudar os outros e acabo me sobrecarregando com coisas que poderiam ser evitadas se eu soubesse lidar melhor com essa palavrinha tão negativa, mas tão necessária. Existe coisa pior do que fazer algo que **a gente não quer **apenas para agradar os outros?

Prato 5: Procrastinação e paralisia por análise

Eu nunca fui preguiçosa nem sou, mas muitas vezes por medo e ansiedade eu acabo por empurrar as coisas com a barriga, por medo de encarar as responsabilidades e descobri que muitas dessas vezes tenho o que se chama Paralisia por Análise.

A minha busca pela perfeição, a comparação com outras pessoas e a ansiedade me impediram de conseguir alcançar meus objetivos. Isso nunca tinha acontecido comigo, mas quando aconteceu percebi que enquanto eu saboto os meus planos, tem alguém correndo atrás daquilo que quer. E essa pessoa vai acabar chegando onde eu gostaria de estar também.

Se você também passa por isso, indico o post do William Oliveira sobre o assunto.

Conclusão

Muitas coisas aconteceram, minha vida pessoal está um caos e tive muitas crises de ansiedade, tive que ser forte para conseguir passar por várias delas, mas felizmente o ano está acabando e tudo que posso fazer é desejar que 2019 seja um ano melhor e mais gentil com todos nós.

Muito obrigada por fazerem o meu ano (e a minha vida) melhor. Prometo que eu retribuirei! Valeu, e até 2019!

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